Música no Mundo
This blog was created for me to share my musical and poetical experience around the world and the songs I like to sing, play and compose, besides the texts I like to translate and write. I have no further intentions with it, but to play my guitar to my friends and to keep a good memory of songs and texts that were and still are important to me. The camera is domestic and I prefered autofilming my videos. Any contribution will be very welcome.
segunda-feira, 18 de junho de 2012
quarta-feira, 27 de julho de 2011
In Love with George Orwell's Works
Ando num momento de buscar "aquele" livro que eu deveria ter lido há MUITO tempo, mas nunca "dava tempo". O último foi o clássico "Dracula", de Bram Stocker, o que deu origem e vida a todo o mito, filmes, etc... Uma obra prima. E agora: 1984!!! Uma lição de tudo, impecável, perfeito, verídico e, como afirmava Degas, quando se referia à arte de verdade, mais real do que a realidade. Além disso, lembra tantas coisas que vivemos e pelas quais passamos sem nos articularmos em relação a elas... No livro, os trabalhadores devem passar, como rotina, todos os dias, pela "hora do ódio"... a violência é o entretenimento, as crianças são "horríveis" e a "teletela" acompanha todos os atos e pensamentos de um homem profundamente solitário.
Transcrevo duas primorosas passagens:
Eram quase onze horas e no Departamento de Registro, onde Winston trabalhava, já arrastavam cadeiras dos cubículos e as arrumavam no centro do salão, diante da grande teletela, preparando-se para os Dois Minutos de ódio. Winston ia ocupando seu lugar numa das filas do meio quando entraram inesperadamente na sala duas pessoas que conhecia de vista, mas com quem nunca falara. Uma delas era uma moça com quem se encontrara muitas vezes nos corredores. Não sabia como se chamava, mas sabia que trabalhava no Departamento de Ficção. Era de presumir - pois a vira levando uma chave inglêsa nas mãos sujas de graxa - que fosse mecânica de uma das máquinas de novelizar. Devia ter uns vinte e sete anos, e era de aparência audaciosa, com cabelo negro e espesso, rosto sardento e movimentos rápidos, atléticos. Uma estreita faixa escarlate, emblema da Liga Juvenil Anti-Sexo, dava várias voltas à sua cintura, o suficiente para realçar as curvas das ancas. Winston antipatizara com ela desde o primeiro momento. E sabia porquê. Era por causa da atmosfera de campos de hóquei, chuveiro frio, piqueniques e grande linha moral que conseguia inspirar. Êle antipatizava com tÔdas as mulheres, principalmente com as moças e bonitas. Eram sempre as mulheres, e principalmente as moças, os militantes mais fervorosos do Partido, os devoradores de palavras de ordem, os espiões amadores e os espiculas dos desvios. Esta jovem lhe dava a impressão de ser mais perigosa que a maioria. Uma vez que se haviam cruzado no corredor, ela lhe lançara um rápido olhar de esguelha que parecia tê-lo penetrado até o imo, e o enchera de terror. Até lhe ocorrera a idéia de que talvez fosse da Polícia do Pensamento. Na verdade, isso era pouco provável. Entretanto, continuava sentindo um estranho mal-estar, em cuja composição havia medo e hostilidade, e que sobrevinha sempre que ela sempre se aproximava. (...)
(...) O horrível dos Dois Minutos de ódio era que embora ninguém fosse obrigado a participar, era impossível deixar de se reunir aos outros. Em trinta segundos deixava de ser preciso fingir. Parecia percorrer todo o grupo, como uma corrente elétrica, um horrível êxtase de medo e vindita, um desêjo de matar, de torturar, de amassar rostos com um malho, transformando o indivíduo, contra a sua vontade, num lunático a uivar e fazer caretas. E no entanto, a fúria que se sentia era uma emoção abstrata, não dirigida, que podia passar de um alvo a outro como a chama dum maçarico. Assim, havia momentos em que o ódio de Winston não se dirigia contra Goldstein mas, ao invés, contra o Grande Irmão, o Partido e a Polícia do Pensamento; e nesses momentos o seu coração se aproximava do solitário e ridicularizado herege da tela, o único guardião da verdade e da sanidade num mundo de mentiras. No entanto, no instante seguinte se irmanava com os circunstantes, e tudo quanto se dizia de Goldstein lhe parecia verdadeiro. Nesses momentos, o seu ódio secreto pelo Grande Irmão se transformava em adoração, e o Grande Irmão parecia crescer, protetor destemido e invencível, firme como uma rocha contra as hordes da Ásia, e Goldstein, apesar do seu isolamento, sua fraqueza e da dúvida que cercava a sua própria existência, lhe parecia um hipnotizador sinistro, capaz de destruir a estrutura da civilização pelo mero poder da voz.(...)
(...) O ódio chegou ao clímax. A voz de Goldstein transformara-se de fato num balido de ovelha, e por um instante o rosto se transformou numa cara de carneiro. Depois a cara de carneiro se fundiu na de um soldado eurasiano que parecia avançar, enorme e terrível, com a metralhadora de mão rugindo, parecendo saltar da superfície da tela, de modo tão real que alguns da primeira fileira se inclinaram para trás. No mesmo momento, porém, arrancando um fundo suspiro de alívio de todos, a figura hostil fundiu-se na fisionomia do Grande Irmão, de cabelos e bigodes negros, cheio de força e de misteriosa calma, e tão vasta que tomava quase toda a tela. Ninguém ouviu o que o Grande Irmão disse. Eram apenas palavras de incitamento, o tipo das palavras que se pronunciam no vivo do combate, palavras que não se distinguem individualmente mas que restauram a confiança pelo fato de serem ditas. Então o rosto do Grande Irmão sumiu de novo e no seu lugar apareceram as três divisas do Partido, em maiúsculas, em negrito:
GUERRA É PAZ LIBERDADE É ESCRAVIDÃO IGNORÂNCIA É FORÇA
Mas o rosto do Grande Irmão pareceu persistir por vários segundos na tela, como se o seu impacto nas pupilas fosse forte demais para se esmaecer tão rápido. A mulherzinha do cabelo côr de areia atirara-se sôbre o espaldar da cadeira que tinha à frente. Com um murmurio trêmulo que parecia dizer "Meu Salvador", extendeu os braços para a tela. Depois ocultou a face nas mãos. Era claro que orava.
Nesse momento, todo o grupo se pÔs a entoar um cantochão ritmado "G.I.!...G.I.! ... G.I.!" repetido inúmeras vezes, com uma longa pausa entre o G e o I - um som cavo e surdo, curiosamente selvagem, no fundo do qual se parecia ouvir batidas de pés nús e o rufo dos atabaques. Durou meio minuto talvez. Era um estribilho que se ouvia com frequência nos momentos de emoção dominadora. Era em parte um hino à sapiência e majestade do Grande Irmão porém, mais que isso, era auto-hipnotismo, o afogar deliberado da consciência por meio do barulho rítmico. As entranhas de Winston pareceram esfriar. Durante os Dois Minutos de ódio, não era possível deixar de participar do delírio geral, mas aquele cântico sub-humano "G.I.! ... G.I.!" sempre o enchia de pavor. Naturalmente, cantava com os outros: seria impossível proceder doutra forma. Dominar os sentimentos, controlar as feições, fazer o que todo mundo fazia, era uma reação instintiva. Havia porém um lapso de dois segundos em que a expressão de seus olhos poderia trai-lo. E foi exatamente nesse lapso que a coisa sucedera - se é que de fato sucedera.(...)
(...) A teletela assinalou catorze horas. Precisava sair dali a dez minutos. Tinha de estar de volta ao serviço às catorze e trinta. Curiosamente, o soar das horas pareceu dar-lhe novo ânimo. Êle não passava dum fantasma solitário exprimindo uma verdade que ninguém jamais ouviria. Mas enquanto a exprimisse, a continuidade não seria interrompida. Não é fazendo ouvir a nossa voz mas permanecendo são de mente que preservamos a herança humana. Êle voltou à mesa, molhou a pena e escreveu: Ao futuro ou ao passado, a uma época em que o pensamento seja livre, em que os homens sejam diferentes uns dos outros e que não vivam sós - a uma época em que a verdade existir e o que foi feito não puder ser desfeito (...)
segunda-feira, 11 de julho de 2011
sexta-feira, 8 de julho de 2011
E ainda mais Mandelstam
Я наравне с другими
Хочу тебе служить,
От ревности сухими
Губами ворожить.
Не утоляет слово
Мне пересохших уст,
И без тебя мне снова
Дремучий воздух пуст.
Я больше не ревную,
Но я тебя хочу,
И сам себя несу я
Как жертву палачу.
Тебя не назову я
Ни радость, ни любовь;
На дикую, чужую
Мне подменили кровь.
Еще одно мгновенье,
И я скажу тебе:
Не радость, а мученье
Я нахожу в тебе.
И, словно преступленье,
Меня к тебе влечет
Искусанный, в смятеньи,
Вишневый нежный рот.
Вернись ко мне скорее:
Мне страшно без тебя,
Я никогда сильнее
Не чувствувал тебя,
И всё, чего хочу я,
Я вижу наяву.
Я больше не ревную,
Но я тебя зову.
1920
Американка в двадцать лет
Должна добраться до Египта,
Забыв “Титаника” совет,
Что спит на дне мрачнее крипта.
В Америке гудки поют,
И красных небоскребов трубы
Холодным тучам отдают
Свои прокопченные губы.
И в Лувре океана дочь
Стоит, прекрасная как тополь;
Чтоб мрамор сахарный толочь,
Влезает белкой на Акрополь.
Не понимая ничего,
Читает “Фауста” в вагоне
И сожалеет, отчего
Людовик больше не на троне.
1913
Хочу тебе служить,
От ревности сухими
Губами ворожить.
Не утоляет слово
Мне пересохших уст,
И без тебя мне снова
Дремучий воздух пуст.
Я больше не ревную,
Но я тебя хочу,
И сам себя несу я
Как жертву палачу.
Тебя не назову я
Ни радость, ни любовь;
На дикую, чужую
Мне подменили кровь.
Еще одно мгновенье,
И я скажу тебе:
Не радость, а мученье
Я нахожу в тебе.
И, словно преступленье,
Меня к тебе влечет
Искусанный, в смятеньи,
Вишневый нежный рот.
Вернись ко мне скорее:
Мне страшно без тебя,
Я никогда сильнее
Не чувствувал тебя,
И всё, чего хочу я,
Я вижу наяву.
Я больше не ревную,
Но я тебя зову.
1920
* * *
Sou como todos os outros,
Quero só poder servir-te.
Tenho o lábio tenso, enxuto,
Que já não fala, só queima,
De ciúme, ainda teima
Que sem você só existe
O ar oco, denso e triste.
Ciúmes, eu já não sinto,
Sinto é um desejo imenso,
Verto-me o pescoço à corda
E enfrento meu algoz.
E assim não te chamo de alento,
Nem de amor, nem de alegria,
Pois meu sangue se associa
A um outro mais voraz.
Quero um instante ainda,
Tenho uma coisa a dizer:
Que o que trazes é tormento,
Não é gáudio ou prazer.
A violação benfazeja
Me encaminha ao delito,
Faz com que me atire a ti,
Sobre os lábios de cereja
Em desarranjo mordidos.
Volta a mim assim que possas,
Porque sem ti dói-me o corpo,
E sentir-te tanto endossa
A inépcia e o desconforto
De não saber não sentir-te.
Mas sei claro e sem engano:
Ciúmes, não tenho mais,
Mas te quero a chama, e chamo. 1920
АмериканкаАмериканка в двадцать лет
Должна добраться до Египта,
Забыв “Титаника” совет,
Что спит на дне мрачнее крипта.
В Америке гудки поют,
И красных небоскребов трубы
Холодным тучам отдают
Свои прокопченные губы.
И в Лувре океана дочь
Стоит, прекрасная как тополь;
Чтоб мрамор сахарный толочь,
Влезает белкой на Акрополь.
Не понимая ничего,
Читает “Фауста” в вагоне
И сожалеет, отчего
Людовик больше не на троне.
1913
A americana
Toda americana até os vinte anos
Deveria viajar até o Egito,
E esquecendo que o aviso do Titanic
Jaz, à cripta escura, escondido.
Na América, as buzinas cantam ,
Há chaminés de arranha-céus vermelhos,
Que às nuvens geladas - qual espelho -
De volta, de seus lábios apertados, lançam.
No Louvre, a filha do oceano,
Linda, pára como um álamo,
Mói do mármore o açúcar
Como esquilo, na Acrópole o suga.
Não compreendendo nada,
Lê o “Fausto” no vagão
E lamenta, transtornada,
Ludovico destronado da nação.
1913
Orhan Pamuk - Neve
Em 2005, participei de um Congresso sobre diversidade literária e cultural, em Nova Delhi, na Índia. Lá, entre outros escritores, apareceu um que se destacava pelo comportamento e aparência bizarros. O mal-vestido, descabelado e desgrenhado escritor era Orhan Pamuk, que, até então, não era muito conhecido fora da Turquia, seu país de origem.
Eu, que já havia lido dois de seus livros, ainda não traduzidos para o português, aproveitei a oportunidade para conversar um pouco com ele. Neste período, eu estava hospedada na embaixada da Turquia, que o recebera. Fiquei estupefata quando soube, no ano seguinte, que Pamuk era o novo Nobel de Literatura.
Ainda na Índia, Pamuk falava de história, de literatura e de seu desejo de se tornar pintor. Desde a infância até a idade adulta, ele se dedicara à pintura, até tomar "a decisão" de tornar-se, não apenas um escritor, mas um "grande escritor", segundo depoimento dele. Foi assim. O primeiro passo: a decisão, aparentemente insana. Depois o isolamento e o abandono de toda e qualquer vida social - Pamuk passou anos trancado, só escrevendo e sobrevivendo de quase nada. Desempregado e isolado, ele dedicou-se exclusivamente à leitura e à escrita.
De seu inusitado projeto, nasceu uma extraordinária capacidade de retratar sua Turquia, o mundo de Pamuk. Cada livro a recorta de maneira única, enfocando um aspecto específico - a política, a pintura, a cidade de Istambul, os ritos...
E, entre eles, o excelente "Neve" - descrição perfeita das mais antigas questões ontológicas do ser humano, mas num contexto turco. Quem não conhece o original irá perder alguns jogos de linguagem feitos por Pamuk. A palavra "neve", em turco, "kar", povoa tudo no livro, inclusive o nome de sua personagem principal, "Ka". Ainda assim, o leitor poderá se deleitar com os diálogos inquietantes e com a atmosfera epifânica do livro. Lindo! Revelador! Deixo aqui o trecho de um desses diálogos:
Como sabia Ka desde o começo, naquela parte do mundo a fé em Deus não era coisa que se alcançasse engendrando pensamentos sublimes e estendendo a própria capacidade criativa ao seu limite máximo; tampouco era uma coisa que se podia alcançar sozinho; acima de tudo significava juntar-se a uma mesquita, fazer parte de uma comunidade. Apesar disso, Ka estava desapontado em ver que Muhtar falava tanto sobre seu grupo, sem falar em Deus ou em sua própria fé uma só vez. Ele desprezou Muhtar por isso. Mas enquanto pressionava a testa contra a janela, disse uma coisa totalmente diferente. "Muhtar, se eu começasse a acreditar em Deus, você ficaria decepcionado, e acho que iria me desprezar." "Por que?" "A idéia de um indivíduo ocidentalizado solitário cuja fé em Deus é particular é muito ameaçadora para você. Para você, é muito mais fácil confiar num ateu que pertence a uma comunidade que num homem solitário que acredita em Deus. Para você, um homem solitário é muito mais desprezível e pecador que um descrente."
Muammer
Muammer Ketencoglu - In English
21 Mar 2010 - 15:32:33
I met Muammer in Ankara, in 2003, in a restaurant. The first comment he made, that afternoon, after we were introduced, in his irreproachable English, was that he "wasn't very graceful while eating". Some time later, I realized that, opposite to what he said, Muammer is gracious in everthing he does and, much more than this, I reviewed my concept of graciousness. Muammer, who is blind from birth, tought me how to see a much more "graceful" world than I've ever thought could exist and, above this, tought me how to listen to it.
And that is exactly this: listening to Muammer is listening to the world. This man, with his brilliant soul, sweet smile and incredible Linguist, Political and Literary knowledge chose as his profession, after graduating in Political Sciences in one of the best universities in Turkey, enchanting the music of the world, the music of the whole world.
His research concerns the investigation of the music of various countries, in several languages, especially Bulgarian, Greek (!), Armenian (!!!), Kurdish (!!!!!). Sounds strange? Daring, at least. Risky too. Muammer uses his music for gathering, instead of separating, and works together with many artists from all these ethnicities and from many others. He studies the music of Afghanistan, Azerbaijan, from the Basque country and also from Brazil. He listens to Luiz Gonzaga, Jacob do Bandolin, Orlando Silva and to many other artists whom even the majority of the Brazilian people never heard about.
Once Muammer gave me two flower bouquets that never withered... My relationship with flowers has definetely changed since then.
His liveliness never fades. It's amazing. In one of the pleasant conversations we had in his house, drinking "tchay", that he prepared himself for us, he talked about Brazilian Literature. Muammer was the only Turk I met in two years in Turkey who read the Brazilian Literature. Not even the Turkish writers I interviewed knew anything about it. He talked enthusiastically about the book "Gabriela, Cravo e Canela", by Jorge Amado. From that day on I started to love the book and, once more, to see and listen to things on it that weren't there before.
What a bless: Muammer lends me his eyes and teaches me how to watch the world, a brand new world, a Muammerian world, full of beauties and multicultural sounds. We start to listen and to almost believe we can understand all of them... With Muammer, I speak Persian, Greek, Azeri,...
Moreover, Muammer is charming, intelligent, contemporary, has a contagious sense of humor and so many stories to tell from the various trips he made around the world, including Brazil.
I wish all of us had a little from Muammer in our lives...
The person who gave me the honor of meeting him was his inseparable friend, Özgün Arman, and later I was the one who was begging not to miss any of his concerts.
One of the best stories was when he, having a concert in a place that was distant from my house and that I couldn't reach by myself, sent me two of his girl friends to take me there. They were both blind. They literally guided me all through the city, calling me "fistik", which is the slang for "chick" in Turkish. We had such a good time together on the way... Afterwards I was sure that I wasn't that able to see things as complex as they can be.
Sublime moments!!!
To my dear and eternal friend, whom I will always admire and thank for the precious gifts he gave to me, specially, his music! Hoping that it will be more and more understood and listened to by the most different people and transform them as it did to me.
And that is exactly this: listening to Muammer is listening to the world. This man, with his brilliant soul, sweet smile and incredible Linguist, Political and Literary knowledge chose as his profession, after graduating in Political Sciences in one of the best universities in Turkey, enchanting the music of the world, the music of the whole world.
His research concerns the investigation of the music of various countries, in several languages, especially Bulgarian, Greek (!), Armenian (!!!), Kurdish (!!!!!). Sounds strange? Daring, at least. Risky too. Muammer uses his music for gathering, instead of separating, and works together with many artists from all these ethnicities and from many others. He studies the music of Afghanistan, Azerbaijan, from the Basque country and also from Brazil. He listens to Luiz Gonzaga, Jacob do Bandolin, Orlando Silva and to many other artists whom even the majority of the Brazilian people never heard about.
Once Muammer gave me two flower bouquets that never withered... My relationship with flowers has definetely changed since then.
His liveliness never fades. It's amazing. In one of the pleasant conversations we had in his house, drinking "tchay", that he prepared himself for us, he talked about Brazilian Literature. Muammer was the only Turk I met in two years in Turkey who read the Brazilian Literature. Not even the Turkish writers I interviewed knew anything about it. He talked enthusiastically about the book "Gabriela, Cravo e Canela", by Jorge Amado. From that day on I started to love the book and, once more, to see and listen to things on it that weren't there before.
What a bless: Muammer lends me his eyes and teaches me how to watch the world, a brand new world, a Muammerian world, full of beauties and multicultural sounds. We start to listen and to almost believe we can understand all of them... With Muammer, I speak Persian, Greek, Azeri,...
Moreover, Muammer is charming, intelligent, contemporary, has a contagious sense of humor and so many stories to tell from the various trips he made around the world, including Brazil.
I wish all of us had a little from Muammer in our lives...
The person who gave me the honor of meeting him was his inseparable friend, Özgün Arman, and later I was the one who was begging not to miss any of his concerts.
One of the best stories was when he, having a concert in a place that was distant from my house and that I couldn't reach by myself, sent me two of his girl friends to take me there. They were both blind. They literally guided me all through the city, calling me "fistik", which is the slang for "chick" in Turkish. We had such a good time together on the way... Afterwards I was sure that I wasn't that able to see things as complex as they can be.
Sublime moments!!!
To my dear and eternal friend, whom I will always admire and thank for the precious gifts he gave to me, specially, his music! Hoping that it will be more and more understood and listened to by the most different people and transform them as it did to me.
O xampu - de Elizabeth Bishop
The Shampoo
The still explosions on the rocks,the lichens, grow
by spreading, gray, concentric shocks.
They have arranged
to meet the rings around the moon, although
within our memories they have not changed.
And since the heavens will attend
as long on us,
you’ve been, dear friend,
precipitate and pragmatical;
and look what happens. For Time is
nothing if not amenable.
The shooting stars in your black hair
in bright formation
are flocking where,
so straight, so soon?
—Come, let me wash it in this big tin basin,
battered and shiny like the moon.
Em minha própria tradução:
O Xampu
Explosões silenciosas on the rocks ,os líquens, crescem
espalhando choques.
Concênticos, cinzentos, lentos, tecem
o encontro que terão com os anéis da lua,
embora, em minha história,‘inda sejam os mesmos, e na tua. E já que os céus só irão nos acolher até então,
meu bem, você tem sido
tão precipitado e pragmático.
E veja só agora o que se passa. Que o tempo
é, mais que tudo, trapaça.
Estrelas cintilando em seus cabelos negros,
cadentes, borbulhantes,
se unirão em seus segredos.
Resolutas! Transparentes! Nuas!
_Vem, pra eu esfregá-los
nessa grande tina de metal brilhante
redonda e amassada como a lua.
Assinar:
Postagens (Atom)